Logo que Manuela nasceu, por pura comodidade, ela dormia no
carrinho ao lado da minha cama. Amamentar não era fácil e era na madrugada que
conseguíamos nos conectar de forma mais profunda.
Por isso, ela se mexia, eu trocava sua fralda e já a
colocava no peito. Ela mamava, arrotava e voltava a dormir. Bem ali do meu
ladinho, sem qualquer esforço. Não precisava levantar, acordar marido, não
despertava a cria e ainda me rendiam alguns minutos a mais de descanso. Era o
paraíso na terra.
Com o tempo, um motivo ou outro me fizeram adiar os planos
de colocá-la em seu berço. Rua barulhenta, ligar apenas um ar-condicionado,
cansaço... E, de repente, movida por pura inércia, me vi compartilhando a cama.
Mas marido reclamava dos inúmeros chutes e pontapés e da consequente
perda de espaço na cama.
Foi, então, que minha obstetra me sugeriu comprar um
chiqueirinho. Ela continuaria perto de mim, mas nosso espaço estaria preservado.
Gênia!
A partir daí, não tinha regra. Muitas noites ela dormia no
chiqueirinho e outras tantas, na minha cama. A única certeza era que o berço do seu quarto continuaria com sua incrível e indispensável função decorativa.
Eu era (e sou) completamente apaixonada pela ideia da cama
compartilhada. Descobri nela – e na Criação com Apego – algo muito mais
profundo e intenso que apenas dividir o mesmo espaço.
Era entrega, conexão, intimidade. Fortalecer vínculos. Era
passar confiança. Era estar disponível. Era dar e receber amor de uma forma
palpável.
E como ela dormia bem quando estava entre nós dois!
Percebia, às vezes, seus olhinhos abrindo e, ao enxergar um de nós, suspirava
de alívio e voltava a dormir. Tão lindo!
Todas as noites ela se remexia até conseguir se aninhar em
mim e dormir tranquilamente por mais muitas horas. Tão tão tão bom!
E eu continuo acreditando e defendendo essa prática.
Mas acredito também que eu devia dar a ela o direito de escolher. E se ela
quisesse curtir seu próprio cantinho? E se ela quisesse dormir rodeada pelos
seus brinquedos, naquele espaço que foi, tão cheio de amor, planejado
especialmente pra ela?
Além disso, daqui a pouco, ela não caberia mais no
chiqueirinho e só teria a nossa cama mesmo para dormir. Não queria, de uma hora
para outra, forçar um desapego. Não não não!
Foi então que no sábado de manhã perguntei a ela se, à
noite, gostaria de dormir em seu quarto. Toda animada, ela disse que sim! Mas
confesso que não levei muita fé naquela empolgação toda. Manu é muito
chicletinho ciumento e não ia deixar papai e mamãe sozinhos no quarto com toda essa facilidade! Mas quando
chegamos em casa, já na hora de dormir, ela mesma disse para minha mãe ao
telefone:
- Vovó, hoje vou dormir na minha cama! No meu quarto!
Ela estava tão orgulhosa, que, apesar da descrença, resolvi
arriscar.
O berço dela é daqueles que tem uma cama embaixo. Tirei dali
o colchão e coloquei direto no chão. Deitei com ela, nos abraçamos, e ela logo
adormeceu.
Preparei a babá eletrônica e fui pro quarto com o coração na
boca! Achei que fosse passar a noite em claro. Mas o excesso de sono me fez
apagar linda e deliciosamente!
E a mocinha também! Acordou tranquila, sozinha, na manhã
seguinte. Ela estava tão feliz de estar no quarto dela que eu percebi que
dividir a mesma cama, hoje, era mais importante pra mim do que pra ela.
Percebi que a grande lição da cama compartilhada, ela
aprendeu: que nós, papai e mamãe, estaremos sempre disponíveis pra ela. SEMPRE
SEMPRE SEMPRE...
Quando ela quiser, no
dia que quiser, e por qualquer motivo que for, ela será recebida em nosso
quarto com carinho e alegria. Ela jamais será vista como empecilho para nós
dois! Que absurdo, aliás!, seria isso.
E assim tem sido. Toda noite dou a ela a oportunidade
escolher e aviso que nada precisa ser definitivo.
Por enquanto, seu quarto tem vencido!
E a gente segue por aqui, compartilhando muito mais que a cama: compartilhando o amor!
E a gente segue por aqui, compartilhando muito mais que a cama: compartilhando o amor!
Que delícia de texto Paty! Aqui foram 4 deliciosos anos de chutes rs, mas amo saber que funcionou! Sou super a favor também e no proximo teremos mais CC. rs beijos grandes! <3
ResponderExcluirCarol, CC é tudo de bom. E tenho certeza de que ainda rolará muitas outras vezes! <3
ExcluirQuando o segundinho chegar, compra uma King Size! =) Imagina que delícia!
Que delícia esse relato, Pati!
ResponderExcluirAqui rola cama compartilhada também. Quer dizer, essa semana coloquei meu colchão no chão e um de solteiro do lado. Ficou uma super king size, hahahaha. Então ela meio que já tem um espaço pra ela, mas adora se aconchegar pertinho de mim. Delícia demais!!
Adorei ler como foi natural a transição aí pra vocês <3
Beijo grande!
Eu acho que quando a gente não força as coisas, elas acontecem de um jeito muito mais tranquilo. Eu passei meses pensando em como faria, e ela fez pra mim.
ExcluirNa verdade, não acabou a cama compartilhada, né? Entrou mais um jeito gostoso de dormir. Ela tem a liberdade de escolher onde quer dormir e acho que isso facilitou também.
Eu ia adorar essa king size no chão! Mas duvido que marido toparia! hahaha
Um beijo
Oi Pati,
ResponderExcluirAdoro seus textos.
Que tranquilidade, qd tudo é feito no tempo deles.
bjs
Eu reflito tanto sobre tudo, Gi, e percebo que quando deixo fluir o resultado é sempre melhor do que o que eu esperava, sabe?
ExcluirBj
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