quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Que feio, Patricia!


Sábado, Manuela estava linda como sempre, fofoqueira como sempre, durinha como sempre e levada como sempre, quando, no local onde estávamos, entrou uma senhora, parente ultramegapoppowerblaster distante do marido, carregando, orgulhosamente, sua fofíssima netinha.

Que coisinha bonitinha, gente! A menina era branquinha, cabeludinha, miudinha e molinha.Com certeza, não passava de 2 meses e meio a fofura.

Fomos, então, promover o encontro das mocinhas (não preciso nem dizer que o encontro empolgou mãe e avó muito mais que as criaturinhas, né? Estas, claro!, nem se olharam...) Elogios para lá, elogios para cá...até que...

Ela está com quantos meses? Eu pergunto empolgada.
Quase quatro! Respondeu a avó sorridente.

Cataploft!

Como se disfarça cara de caneca, alguém me diz??? Tentei me lembrar de quando Manuela havia sido daquele tamanho...no nascimento, talvez? Como que aquele bebê era mais velho que Manu? Dez dias, é verdade! Mas no calendário dos bebês, 10 dias podem significar muita coisa, ok? Exagerada???

De repente, percebo em mim uma certa alegria. Um certo orgulho.  A cada sorriso da Manu, a cada brincadeira, me sentia ainda mais feliz.

Ops! Peraí! Feliz??? Por que eu estava feliz???

E acabo de aprender mais uma: mães podem ser muito ruins! 

Mães comparam!

Que espécie de ser humano cruel sou eu para comparar bebês??? E daí que Manu é linda, grande, fofa, cheirosa, esperta, tagarela...?

Quem me garante que a outra não menos linda neném também não é tudo isso? Ou mais! Quem me garante que já não faz coisas que a minha filha tão perfeita ainda não consegue fazer? Ou não será muito mais bem educada que a minha Manuela? Mais esperta? Mais inteligente?

Achei feio. Achei ruim. Não curti.

Ser mãe não é nada fácil. Tentamos sempre fazer o melhor pelos nossos filhos e, de repente, chega uma criatura sem noção e julga você e a cria (afinal, comparar esbarra, com certeza, no julgamento) pelo que vê tão superficialmente? Com que direito?

Não começaríamos, aí, a educar nossos filhos acreditando que há uma relação de superioridade e inferioridade entre as pessoas? Não estaríamos, desde já, estimulando julgamentos mesquinhos e competições desnecessárias?

Decepção!

Não é isso que quero ensinar para Manu. Não quero que ela se torne esse tipo de ser humano.

Somos  todos igualmente especiais e deliciosamente diferentes.

Um comentário:

  1. Não sei, mas penso que a comparação não precisa ser, necessariamente, um julgamento. Vc pode perceber diferenças de maneira saudável. A sua experiência é de uma neném de 3 meses que pensa que tem 6 ou 8! O susto e a comparação são inevitáveis. Isso não faz da super gostosa Manu melhor nem pior, mas diferente. E pq não sentir orgulho de algo q vc acha bacana? Uma mãe não pode se orgulhar de um filho que passou em 1º lugar no vestibular? E a mãe do outro, que entrou na repescagem, não pode sentir o mesmo orgulho pelo filho q passou no vestibular, de um jeito ou de outro? Mais uma vez: a comparação é inevitável pq somos, inevitavelmente, diferentes e temos experiências de vida igualmente diferentes (sorry pelo paradoxo). Comparar não te faz uma pessoa pior. A forma pela qual vc lida com essa comparação, pode ser. Sei lá... só divagando por aqui...

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