sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Adaptação - Dia 5

Último e mais longo dia de adaptação. Estava bastante apreensiva para saber como ela se comportaria por tantas horas longe de mim e, principalmente, se faria bem as refeições.

Anunciando um período complicado, pela primeira vez, Manu não quis brincar. Ao ser chamada pela tia, recusou. Com calma e cuidado, passei minha princesa para a tia, reafirmando que ela estava prestes a se divertir muito.

Com um chorinho de dengo, lá foram elas.

Meu estômago doeu e eu imaginei que o dia não seria assim tão fácil. Mas, para minha surpresa e alegria, foi! Aliás, foi bem melhor do que eu esperava.

Desta vez, ela ficou um período grande no parquinho principal e, da janela, eu conseguia vê-la o tempo todo. Divertiu-se no pula-pula, no cavalinho, na casinha...

Até a ouvi gritar de alegria ao arremessar uma bola pra longe. Meu coração começou a tranquilizar.

O tempo - ainda bem! - não demorou tanto a passar. A cada oportunidade, eu bisbilhotava minha princesa. Às vezes, estava pouco à vontade no colo de uma tia. Em outras, dançava até não poder mais. Apenas em um momento, vi que soluçava. Mas, mais uma vez, nada difícil de ser contornado.

Foram algumas horinhas papeando com outras mães, com as tias da creche e tentando entender aquele universo do qual minha filha agora fazia parte. Vi muitas crianças, já em idade escolar, que deveriam estar de férias mas que, pela necessidade dos pais, estavam ali sendo entretidos pelas tias.

Juro que entendo o fato! Que cada família que deixa o filho ali, para ser cuidado por outro, fica com o coração apertado por não poderem, juntos, aproveitarem as férias. Mas, ainda assim, meu coração doeu. Aquelas crianças - acho que tinham uns sete ou oito anos - não tinham o que fazer ali. Não há aulas nesta época, mas usavam as dependências da escola sob a supervisão de alguém. Ora iam pra quadra, ora pra sala de informática, ora pra biblioteca... Literalmente, vendo o tempo passar.

As crianças crescem tão rápido e nós - por necessidade, é claro! - deixamos de aproveitar boa parte do seu desenvolvimento. Enfim...são as maravilhas dos tempos atuais....

Passado algum tempo, foi-lhe oferecido suco e, desta vez, resolveu provar. Não tomou tudo porque, aparentemente, não gostou. No entanto, acho que foi um grande avanço, já que nos outros dias ela não aceitou nem provar!

Na hora do almoço, escondida, a vi passar com o restante dos amiguinhos. Tranquila, papeava com uma das tias e, como sempre, a ouvi perguntar: mamãe?

Pela câmera, pude ver a nutricionista, tia Carol, sentar com ela e acompanhar o seu almoço. Da tela do computador, não dava pra perceber o que, exatamente, estava acontecendo.

Tia Carol desceu para conversar comigo e não poupou elogios à Manu. Disse que comeu super bem (ueba!!!!) e deixou muito pouquinho no prato. Como sobremesa, ofereceram manga - sua fruta preferida - e eu quase morri do coração ao saber que ela foi a última a sair da mesa por ter pedido para repetir a frutinha! Confesso que quase chorei nessa hora!

Depois do almoço, os dentes são escovados, as fraldas trocadas e chega a hora do descanso, essencial para aqueles que ficam no período integral. Como este não é o caso do Manu, sugeriram que eu a trouxesse comigo mais cedo. Eu, que já estava roxa de saudades, aceitei na hora.

Ansiosamente, esperei sua chegada. Ao me ver na janela, ficou muito feliz e animada. Como é recompensador esse momento. É possível enxergar o amor nos seus olhos tão expressivo. É tão bom! Tão tão tão bom!

Antes de sairmos, conversei com as tias e elas parabenizaram muito minha baixinha. Disseram que se apaixonaram pelo jeito carinhoso e simpático dela. Que mesmo pouco à vontade, ela tem sempre um sorriso no rosto e um beijo pra distribuir. Ela fala bastante e consegue dizer suas necessidades, como por exemplo, pedir água. Chama por mim o tempo todo, mas isso é sinal de que em casa ela recebe muito amor e carinho da mamãe babona aqui.

Agora ela dorme grudadinha em mim e eu, assim que postar este texto, vou agarrar minha princesa, cheirá-la até não poder mais e enchê-la de beijos orgulhosos.

Até segunda, quando começa a minha adaptação...


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