terça-feira, 14 de abril de 2015

Descompartilhando a Cama

Logo que Manuela nasceu, por pura comodidade, ela dormia no carrinho ao lado da minha cama. Amamentar não era fácil e era na madrugada que conseguíamos nos conectar de forma mais profunda.

Por isso, ela se mexia, eu trocava sua fralda e já a colocava no peito. Ela mamava, arrotava e voltava a dormir. Bem ali do meu ladinho, sem qualquer esforço. Não precisava levantar, acordar marido, não despertava a cria e ainda me rendiam alguns minutos a mais de descanso. Era o paraíso na terra.

Com o tempo, um motivo ou outro me fizeram adiar os planos de colocá-la em seu berço. Rua barulhenta, ligar apenas um ar-condicionado, cansaço... E, de repente, movida por pura inércia, me vi compartilhando a cama.

Mas marido reclamava dos inúmeros chutes e pontapés e da consequente perda de espaço na cama. 

Foi, então, que minha obstetra me sugeriu comprar um chiqueirinho. Ela continuaria perto de mim, mas nosso espaço estaria preservado.

Gênia!

A partir daí, não tinha regra. Muitas noites ela dormia no chiqueirinho e outras tantas, na minha cama. A única certeza era que o berço do seu quarto continuaria com sua incrível e indispensável função decorativa.

Eu era (e sou) completamente apaixonada pela ideia da cama compartilhada. Descobri nela – e na Criação com Apego – algo muito mais profundo e intenso que apenas dividir o mesmo espaço.

Era entrega, conexão, intimidade. Fortalecer vínculos. Era passar confiança. Era estar disponível. Era dar e receber amor de uma forma palpável.

E como ela dormia bem quando estava entre nós dois! Percebia, às vezes, seus olhinhos abrindo e, ao enxergar um de nós, suspirava de alívio e voltava a dormir. Tão lindo!

Todas as noites ela se remexia até conseguir se aninhar em mim e dormir tranquilamente por mais muitas horas. Tão tão tão bom!

E eu continuo acreditando e defendendo essa prática. Mas acredito também que eu devia dar a ela o direito de escolher. E se ela quisesse curtir seu próprio cantinho? E se ela quisesse dormir rodeada pelos seus brinquedos, naquele espaço que foi, tão cheio de amor, planejado especialmente pra ela?

Além disso, daqui a pouco, ela não caberia mais no chiqueirinho e só teria a nossa cama mesmo para dormir. Não queria, de uma hora para outra, forçar um desapego. Não não não!

Foi então que no sábado de manhã perguntei a ela se, à noite, gostaria de dormir em seu quarto. Toda animada, ela disse que sim! Mas confesso que não levei muita fé naquela empolgação toda. Manu é muito chicletinho ciumento e não ia deixar papai e mamãe sozinhos no quarto com toda essa facilidade! Mas quando chegamos em casa, já na hora de dormir, ela mesma disse para minha mãe ao telefone:

- Vovó, hoje vou dormir na minha cama! No meu quarto!

Ela estava tão orgulhosa, que, apesar da descrença, resolvi arriscar.

O berço dela é daqueles que tem uma cama embaixo. Tirei dali o colchão e coloquei direto no chão. Deitei com ela, nos abraçamos, e ela logo adormeceu.

Preparei a babá eletrônica e fui pro quarto com o coração na boca! Achei que fosse passar a noite em claro. Mas o excesso de sono me fez apagar linda e deliciosamente!

E a mocinha também! Acordou tranquila, sozinha, na manhã seguinte. Ela estava tão feliz de estar no quarto dela que eu percebi que dividir a mesma cama, hoje, era mais importante pra mim do que pra ela.

Percebi que a grande lição da cama compartilhada, ela aprendeu: que nós, papai e mamãe, estaremos sempre disponíveis pra ela. SEMPRE SEMPRE SEMPRE...

Quando ela quiser, no dia que quiser, e por qualquer motivo que for, ela será recebida em nosso quarto com carinho e alegria. Ela jamais será vista como empecilho para nós dois! Que absurdo, aliás!, seria isso.

E assim tem sido. Toda noite dou a ela a oportunidade escolher e aviso que nada precisa ser definitivo.

Por enquanto, seu quarto tem vencido!

E a gente segue por aqui, compartilhando muito mais que a cama: compartilhando o amor!


7 comentários:

  1. Que delícia de texto Paty! Aqui foram 4 deliciosos anos de chutes rs, mas amo saber que funcionou! Sou super a favor também e no proximo teremos mais CC. rs beijos grandes! <3

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    1. Carol, CC é tudo de bom. E tenho certeza de que ainda rolará muitas outras vezes! <3

      Quando o segundinho chegar, compra uma King Size! =) Imagina que delícia!

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  2. Que delícia esse relato, Pati!
    Aqui rola cama compartilhada também. Quer dizer, essa semana coloquei meu colchão no chão e um de solteiro do lado. Ficou uma super king size, hahahaha. Então ela meio que já tem um espaço pra ela, mas adora se aconchegar pertinho de mim. Delícia demais!!
    Adorei ler como foi natural a transição aí pra vocês <3

    Beijo grande!

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    1. Eu acho que quando a gente não força as coisas, elas acontecem de um jeito muito mais tranquilo. Eu passei meses pensando em como faria, e ela fez pra mim.
      Na verdade, não acabou a cama compartilhada, né? Entrou mais um jeito gostoso de dormir. Ela tem a liberdade de escolher onde quer dormir e acho que isso facilitou também.

      Eu ia adorar essa king size no chão! Mas duvido que marido toparia! hahaha

      Um beijo

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  3. Oi Pati,
    Adoro seus textos.
    Que tranquilidade, qd tudo é feito no tempo deles.
    bjs

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    1. Eu reflito tanto sobre tudo, Gi, e percebo que quando deixo fluir o resultado é sempre melhor do que o que eu esperava, sabe?

      Bj

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