segunda-feira, 17 de junho de 2013

Aos palpiteiros, o meu palpite!

Não há nada mais batido e corriqueiro que a rejeição que muitas gestantes e mães sentem em relação aos palpiteiros de plantão. Eu, sem dúvida, sou uma delas. Mas juro que estou tentando, ao máximo, abstrair todo e qualquer comentário fora de propósito.

Aprendi, por exemplo, que não preciso perder o meu precioso tempo explicando às pessoas que bebês passam pela fase oral, levando tudo à boca e que isso, nem sempre, significa que ele está coçando a gengiva. Quando chega alguém cheio de autoridade e diz “com certeza é o dente”, eu sorrio e aceno.

Pronto. Todos felizes.

A pessoa fica contente porque acredita que me deu o mapa da mina. E eu, muito mais aliviada por não dar trela para maluco.

Claro que se todo palpite fosse esse, não haveria razão para irritação. Mas a coisa vai além, e as pessoas costumam errar e pesar muito na mão na hora de aconselhar alguém.

O trending topic, creio eu, é dizer às grávidas que elas têm de dormir, como se a maternidade nos condenasse a uma vida inteira de insônia. E pior! Como se fosse possível estocar horas de sono!

Entendo perfeitamente que as pessoas (pelo menos, parte delas!) o fazem com boa intenção e não percebem que, na verdade, estão sendo chatas e repetitivas. Então, relevar é a solução. Não tem saída melhor que a abstração.

Além disso, a cada dia tenho mais certeza de que as pessoas aconselham de acordo com as suas experiências e esquecem que cada criança tem seu funcionamento e que cada mãe é de um jeito. Logo, o que serve para um nem sempre serve para o outro.

Minha irmã está grávida e eu, sentindo-me a experiente na maternidade, poderia encher seus ouvidos com os infinitos clichês que existem por aí. Afinal, é minha irmã e eu, além de ter toda liberdade do mundo para pentelhá-la, quero sempre o seu melhor. Mas, não! Prefiro dividir com ela as minhas experiências,  enfatizando que não há uma única verdade. Sempre a incentivo a fazer as coisas do jeito que ela sonhou, mesmo que para mim não tenha funcionado.

Não perdemos tempo falando sobre as noites de sono, por exemplo. Quando conversamos sobre as mamadas da madrugada, é sempre com muita alegria, contando as diversas histórias boas que aconteciam nesses momentos.  

Por outro lado, sempre digo que desde que a Manu nasceu, chuchu sem sal e feijoada passaram a ter o mesmo sabor. Não mastigo nem saboreio mais, mesmo quando ela não está por perto. Engolir a comida virou (mau) hábito.

E o banho? Saudades de quando sentia a água quente bater nas costas, fazendo com que o corpo todo relaxasse. Peço desculpas à sustentabilidade, mas há dias em que um banho demorado resolveria todos os meus problemas.

Sou era uma devoradora de livros. A qualquer hora, em qualquer lugar, uma boa leitura transformava meu mundo. Orgulho-me da minha pequena biblioteca que, com muito carinho (ou esquizofrenia), fiz questão de catalogar. No entanto, há nove meses que não sinto o cheiro de um livro e que eles só servem para decorar (entulhar) as prateleiras.

E eu até tentei. Juro!

Estou há dois meses tentando acabar de ler “O Grito de Guerra da Mãe-Tigre”, que, com pouco mais de duzentas páginas, em outra época, teria sido devorado em dois dias, no máximo.

Mas a verdade é que todas essas coisas ficam minúsculas diante de todo prazer que Manu me proporciona.

A comida mais gostosa fica insossa perto da alegria ao vê-la suja de papinha ou experimentando uma fruta nova. O banho mais relaxante fica sem graça perto de nós duas brincando sob o chuveiro. E nenhuma leitura é tão interessante quanto as histórias que lhe conto.

Por isso, se eu me achasse no direito de aconselhar alguém, eu preferiria dizer:


Quando mãe, abra seu coração e permita-se mergulhar fundo nesse amor tão sem tamanho e aproveite tudo com muita intensidade, pois não há no mundo prazer maior que curtir um filho.

12 comentários:

  1. Fico muito orgulhosa em ver que você vive intensamente sua condição de mãe!!! Essas experiências esses sentimentos de amor ofertado sem limites vão fazer com que vocês sejam sempre muito unidas e felizes.O resultado você vai viver lá na frente, isso não tem palpites que possam atrapalhar.A cumplicidade,amizade,amor e companheirismo você com certeza vai colher!!! Siga sempre sua intuição e sentimento de mãe.

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    1. Mãezinha, sempre linda nos comentários. Mas ainda mais linda na vida real, sempre disposta a me ajudar e elevando minha auto-estima.
      Te amo!

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  2. Oi Pati amei este teu post,quem dera as pessoas viessem com suas e experiências deixando de lado faz isso faz aquilo ,meu filho nem nasceu e já estão me bombardeando com palpites.
    Sabe o que eu faço? abro um sorriso sem graça e falo irônicamente que bom .A pessoa se toca na hora .
    Beijo

    http://maagicamenteinexplicavel.blogspot.com.br/

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    1. Oi, Nara! Seja bem-vinda!

      Eu, infelizmente, demorei um tempo para perceber que não adianta lutar contra eles. Era uma tensão desnecessária. Às vezes, um palpite ou outro fica atravessado ou leva uma resposta malcriada. Mas, no geral, tenho lidado bem com eles!

      Beijos

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  3. Pati, concoooooooooordo muito contigo. Muito. Muito!

    Hoje em dia, como mãe EXPERIENTE (rá hahahahahahaa) eu só aconselho uma coisa a toda gravida que conheço: leia. Se informe. Ponto.

    De resto, a natureza cuida.

    Nunca, de forma alguma, falei qualquer coisa que desanimasse alguma gestante, pq eu fiquei tão traumatizada na minha gravidez com todo mundo só falando horrores, falando do fim da gestação, do começo da vida com um RN, da vida a dois que morre (e nem morre) depois da chegada do filho... nossa, eu fui tão "aconselhada" durante a minha gestação, que hoje a minha postura é não falar nada, nada, nada!!! Só falar coisas boas, sempre. As ruins nós descobrimos com o tempo, não é?

    Beijos grandes, querida!

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    1. Dani,

      Não entendo as pessoas. Muitas parecem querer acabar com o momento sublime da gravidez e só enfatizam as dificuldades. Ninguém falou que é moleza, mas tem muita coisa boa. É hora de puxar pra cima, de ajudar, né?

      Enfim...pessoas!

      Beijos

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  4. Quando minha irmã ficou grávida, o Nanni já tinha nascido e eu já tinha sofrido com os palpiteiros e tantos outros comentarios que mais atrapalham do que ajudam.
    Por isso disse duas coisas: 1) bebe chora, então não se sinta mal por não saber o motivo. 2) quando alguém te disser alguma coisa veja se faz Eco ( sentido) para você, se não fizer simplismente ignore.
    Bjs
    Mari
    #recantocomenta
    http://maricriando.blogspot.com.br

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    1. É bem por aí, Mariana!
      Nem todo conselho deve ser jogado no lixo. Claro que há muitas pessoas com boas intenções e que te ajudam, de verdade, com o que dizem.
      Refiro-me mais aos tons imperativos e às palavras de ordem, muitas vezes depreciativas, que não respeitam o pensamento da mãe/pai.
      O melhor caminho é, sem dúvida, ignorar.

      Obrigada pelo comentário! =)

      Beijos

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  5. É bem assim mesmo, lembro que uma amiga me perguntou dias antes da minha filha nascer se já comprado chupeta, respondi que não, ela falou p/ eu comprar pois não sobreviveria sem, fiz cara de paisagem, sorri e acenei. Sobrevivi sem chupeta e minha filha tbm... hehehehehe. Tbm evito dar palpites, se a pessoa pede é uma coisa, e ainda procuro deixar claro que: O que funciona na minha casa pode não funcionar na tua.
    Bjs
    #recantocomenta
    http://minhaflorbela.blogspot.com.br

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  6. Adorei o seu post. Fora aos palpiteiros de plantão.
    Tenho horror a esse povo rsrs
    Bjks
    http://www.maevaidosa.com/2013/06/tra-la-la-um-carinho-pra-nossos-filhos.html
    #recantocomenta

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